Senhor, como estás longe e oculto e presente! Oiço apenas o ressoar do teu silêncio que avança para mim e a minha vida apenas toca a franja límpida da tua ausência. Fito em meu redor a solenidade das coisas como quem tenta decifrar uma escrita difícil. Mas és Tu quem me lês e me conheces. Faz que nada do meu ser se esconda. Chama à tua claridade a totalidade do meu ser para que o meu pensamento se torne transparente e possa escutar a palavra que desde sempre me dizes.
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
Creio que não compreendemos os desejos de Deus mais do que as crianças compreendem os nossos. Os meus filhos confiavam-se a mim, no sentido da própria existência, certos do meu amor e, por essa razão, prontos a acreditar que eu saberia melhor do que ninguém o que era bom para eles. Penso que assim devemos encarar a questão divina – apenas crer que Deus existe e olha por nós.
(Pearl Buck, in O Exílio, fala de Carie)
Eu preferiria viver a minha vida como se houvesse Deus e morrer descobrindo que não há, a viver como se não houvesse Deus e morrer para descobrir que afinal há.
(Albert Camus)
O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesmo compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que se não sente bem onde está, que tem saudades… sei lá de quê!
(Florbela Espanca)
Não se pode governar a história com estruturas simplesmente materiais, prescindindo de Deus. Se o coração do homem não for bom, então nada mais se pode tornar bom. E a bondade do coração só pode vir d’ Aquele que em Si mesmo é a Bondade, o Bem.
(Bento XVI, Jesus de Nazaré)
Há uma frase do jesuíta alemão, Alfred Delp, condenado à morte pelos nazis: «O pão é importante, a liberdade é mais importante, mas o mais importante de tudo é a fidelidade constante e a adoração jamais atraiçoada».
Onde esta ordem de valores não for respeitada, mas invertida, deixa-se de conseguir a justiça, não mais se presta cuidado aos homens que sofrem; mas gera-se desorganização e destruição, mesmo no âmbito dos bens materiais. Onde Deus é considerado uma grandeza secundária, que temporária ou estavelmente se pode deixar de lado em nome de coisas mais importantes, então falham precisamente estas coisas mais importantes. E, a demonstrá-lo, não é só o desfecho negativo da experiência marxista…
(Bento XVI, in Jesus de Nazaré)